VIVAVOZ - UDESC

Dias 12, 14, 16, 19, 21, 23 de junho de 2013 no Palácio Cruz e Sousa, Florianópolis – SC

Coro e Orquestra Acadêmica da UDESC - Programa de Extensão VivaVoz

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

O PROJETO

       Em comemoração aos 200 anos de nascimento de Verdi, e 160 anos da estréia de La Traviata, o Programa de Extensão VivaVoz (UDESC), apresenta uma versão desta ópera num projeto que envolve professores e alunos dos Departamentos de Música, Moda e Cênicas, Coro e Orquestra acadêmica da UDESC, além de participantes da comunidade externa.
É uma montagem acadêmica, com foco no processo de criação e na busca por diferenciais estéticos. Enfatiza-se o percurso de pesquisa e desenvolvimento (individual e coletivo) durante o projeto, que culmina na apresentação da ópera, sem ser esse seu único objetivo.  
As récitas serão no Palácio Cruz e Sousa – Museu Histórico de Santa Catarina, cuja arquitetura revela-se ideal para nossa concepção desta ópera.
A ideia é apresentar outra visão dos espetáculos de ópera (em geral, grandiosos e distantes), colocando o público praticamente dentro da cena. Saindo dos espaços tradicionais - grandes teatros - valoriza-se o caráter intimista propício ao envolvimento com a história e com o gênero. 


Concepção Musical e Cênica


Por ser uma montagem acadêmica e pioneira na UDESC, optamos por alguns cortes na partitura original, reduzindo a obra em um terço. Um dos critérios principais, foi sublinhar a dramaturgia em seus pontos essenciais, ou seja, manter unicamente a estrutura musical necessária para contar a história.  

Nossa concepção parte de uma mirada contemporânea da obra, e não se concentra na caracterização dos costumes da época nem adota a estrutura completa do libretto.  Nesta Traviata, o fio condutor se dá a partir do olhar da criada Annina: é através das suas lembranças que a história de Violetta toma forma. Em cena, uma realidade permeada por três camadas de tempo: o tempo presente (Annina); o tempo da memória (Violetta, Alfredo e Germont); e o tempo do sonho/pesadelo (evocado pelo coro).

A memória reconstrói o fato vivido na mente e no corpo do indivíduo, com lacunas e às vezes até mesmo irrealidades. Por isso, a evocação da história de Violetta não tem caráter documental, nem fidelidade jornalística com os acontecimentos passados. Por isso, a liberdade em realizar cortes musicais, ou mesmo um sutil deslocamento de motivos melódicos, em momentos chave.

Os personagens são desenhados pela música de Verdi com esmerada caracterização psicológica, aqui realçada pela redução da dramaturgia. Os amantes Violetta e Alfredo vivem em antagonismo com diversas forças: Germont, o pai de Alfredo, simboliza o forte peso da sociedade (de qualquer época), e determina todos os movimentos do casal para a construção de seu final trágico; a condição feminina de Violetta, a representação da mulher ‘livre’, num destino conduzido por homens, tanto quanto o destino das demais mulheres; e a doença, força inexorável que arrasta a obra em plano inclinado, um universo de solidão, fragilidade e delírio.



O Espaço

A escolha do espaço intimista dialoga com o desejo de contar uma história privada com a proximidade do segredo entre público e cantores. O espaço vazio, a economia dos objetos e dos figurinos procura realçar o corpo e a voz na cena. A memória é fugidia, inconstante, assim como o papel, o movimento dos corpos, a transitoriedade da vida: uma vez desfeitas as taças, acaba-se a festa, uma vez dispersado o coro, impera a solidão. A cena é habitada apenas pelo essencial com o intuito de simplificar a moldura: na austeridade do espaço vazio, o público se torna testemunha e cúmplice do processo.
La Traviata é uma história atemporal de redenção pelo amor e morte, que pode ser lida enfatizando seu aspecto heróico, trágico, ou simplesmente humano.

Sejam todos bem vindos e um bom espetáculo!